BRASIL - GRANDE POTÊNCIADireto do blog do Jorge da Cunha Lima
http://colunistas.ig.com.br/jorgedacunhalima/2009/01/04/brasil-grande-potencia/
UMA NOVA ÉTICA DE LIDERANÇAJá estamos no BRIC, sigla imputada pela imprensa aos países importantes do mundo emergente: Brasil, Rússia, Índia e China. Isso produz algum respeito dos países desenvolvidos e inveja dos subdesenvolvidos.
Além disso, o Brasil se projeta como grande potência para os próximos vinte anos. E isso não implica numa questão de respeito nem de inveja, exige um posicionamento estratégico e histórico.
A primeira coisa, como já se está verificando, é capacitar militarmente o país, para defender suas riquezas materiais, petróleo marítimo em particular, e suas fronteiras, Amazonas, principalmente.
A segunda, será a capacidade de se estabelecer uma política de vizinhança com nossos irmãos do sul. Aí a coisa complica. Os posicionamentos não são unânimes, o que acarreta grandes divergências. A imprensa, principalmente o Estadão, critica fortemente a política exterior do Lula, principalmente na tolerância com que trata os países da América Latina, seja nos seus destemperos ideológicos, seja nas violações dos contratos comerciais que mantêm com o Brasil. Alguns diplomatas de respeito e experiência, como Rubens Barbosa, ex- embaixador na Inglaterra e nos Estados Unidos da América do Norte, acha inadmissível que, por razões ideológicas, e excessiva tolerância, o Brasil aceite as ameaças e as violações de contratos legitimamente firmados na área comercial, de serviços e de investimentos. Essas violências estão se processando principalmente com o Uruguai, a Bolívia e o Equador. Critica-se ainda nossa política débil com relação à Argentina, nosso principal parceiro.
Essa discussão nos leva a considerações mais profundas quanto ao grau e à natureza de nossas relações com esses vizinhos no presente e em futuro próximo.
Se formos pragmáticos e visualizarmos um quadro expansionista convencional, de liderança e hegemonia, poderemos adotar a estratégia capitalista de um imperialismo econômico não colonialista. Basta assemelharmos nossa liderança e nosso expansionismo com a exercida pelos Estados Unidos no século passado.
Creio que isso estaria no rumo da história, mas não da civilização.
A hipótese de uma mudança no teor do desenvolvimento capitalista, após a superação da crise, deve levar-nos necessariamente à mudança de relacionamento político entre as nações. E isso implica numa aproximação cultural prévia às acomodações econômicas e aduaneiras. O sucesso do mercado Comum Europeu deveu-se um pouco à Comunidade Européia, que, antes, acertou seus ponteiros políticos e culturais.
Assim, a liderança eventual do Brasil não pode ser uma liderança de negócios e de poder, mas uma liderança desenvolvimentista e civilizadora para a toda região.
Do ponto de vista puramente pragmático, poderíamos percorrer um caminho isolado e historicamente egoísta, e isso daria certo, mas não seria certo do ponto de vista da missão histórica das lideranças.
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